Filhos eu os amei o suficiente para ter perguntado aonde vão.
O texto, a seguir transcrito, foi publicado recentemente por ocasião da
morte estúpida de Tarcila Gusmão e Maria Eduarda Dourado, ambas de 16 anos, em
Maracaípe – Porto de Galinhas. Depois de 13 dias desaparecidas, as mães
revelaram desconhecer os proprietários da casa onde as filhas tinham ido curtir
o fim de semana. A tragédia abalou a opinião pública e o crime permanece sem
resposta.
“Um dia quando meus filhos forem crescidos o suficiente para entender a
lógica que motiva os pais e mães, eu hei de dizer-lhes: - Eu os amei o
suficiente para ter perguntado aonde vão, com quem vão e a que horas
regressarão.
Eu os amei o suficiente para não ter ficado em silêncio e fazer com que
vocês soubessem que aquele novo amigo não era boa companhia.
Eu os amei o suficiente para os fazer pagar as balas que tiraram do
supermercado ou revistas do jornaleiro, e os fazer dizer ao dono: “Nós pegamos
isto ontem e queríamos pagar”.
Eu os amei o suficiente para ter ficado em pé, junto de vocês, duas
horas, enquanto limpavam o seu quarto, tarefa que eu teria feito em 15 minutos.
Eu os amei o suficiente para os deixar ver além do amor que eu sentia
por vocês, o desapontamento e também as lágrimas nos meus olhos.
Eu os amei o suficiente para os deixar assumir a responsabilidade das
suas ações, mesmo quando as penalidades eram tão duras que me partiam o
coração.
Mais do que tudo, eu os amei o suficiente para dizer-lhes NÃO, quando eu
sabia que vocês poderiam me odiar por isso (e em alguns momentos até odiaram).
Essas eram as mais difíceis batalhas de todas. Estou contente, venci...
Porque no final vocês venceram também! E em qualquer dia, quando meus netos
forem crescidos o suficiente para entender a lógica que motiva os pais e mães;
quando eles lhes perguntarem se sua mãe era má, meus filhos vão lhes dizer:
“Sim, nossa mãe era má. Era a mãe mais má do mundo...As outras crianças
comiam doces no café e nós só tínhamos que comer cereais, ovos, torradas. As
outras crianças bebiam refrigerante e comiam batatas fritas e sorvetes no
almoço e nós tínhamos que comer arroz, feijão, carne, legumes e frutas. Mamãe
tinha que saber quem eram nossos amigos e o que nós fazíamos com eles.
Insistia que lhe disséssemos com quem íamos sair, mesmo que demorássemos
apenas uma hora ou menos. Ela insistia sempre conosco para que lhe disséssemos
sempre a verdade e apenas a verdade.
E quando éramos adolescentes, ela conseguia até ler os nossos
pensamentos. A nossa vida era mesmo chata!
Ela não deixava os nossos amigos tocarem a buzina para que saíssemos;
tinham que subir, bater à porta, para ela os conhecer.
Enquanto todos podiam voltar tarde da noite com 12 anos, tivemos que
esperar pelos menos 16 para chegar um pouco mais tarde, e aquela chata
levantava para saber se o passeio foi bom (só para ver como estávamos ao
voltar).
Por causa de nossa mãe, nós perdemos imensas experiências na
adolescência:
Nenhum de nós esteve envolvido com drogas, em roubo, em atos de
vandalismo, em violação de propriedade, nem fomos presos por nenhum crime.
FOI TUDO POR CAUSA DELA!”
Agora que já somos adultos, honestos e educados, estamos nos esforçando
e pedindo a Deus que nos ajude a sermos “PAIS MAUS”, como minha mãe foi.
*EU ACHO QUE ESTE DEVE SER UM DOS GRANDES MALES DO MUNDO DE HOJE: A
INSUFICIÊNCIA DE MÃES MÁS!*
Um bom dia para todos.
Por Dr. Carlos Hecktheuer, Médico Psiquiatr
Aldeni Soares Silva
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